quarta-feira, 12 de março de 2008

Novos Horizontes.


Olhou ao seu redor. O entra-e-sai dos ônibus naquela rodoviária era constante. Uma rodoviária recém-construída, feita para ser modelo de modernidade. E ele continuava parado ali.
Sentou-se em um daqueles bancos cheios de curvas. "Feitos para serem modelos de modernidade." pensou. Passou a contemplar cada ônibus que ia e vinha, com uma atenção ímpar, embora ao mesmo tempo aparentasse quase que um ar de indiferença.

Fora ali que tudo começara. E terminara. Simples como o entrar e sair dos ônibus, e tão complexo quanto as linhas curvas daqueles bancos. O porquê de tudo aquilo, ele não sabia explicar nem definir. "Foge do meu controle, sabe?" Era sua resposta decorada para ludibriar seus próprios pensamentos, e a vontade tão grande de voltar no tempo e fazer tudo diferente.

Mas não havia nada a ser mudado. Nada a se acertar, realmente. "Talvez as coisas sejam assim na vida da gente: vem e vão, sempre efêmeras. Como os ônibus." Levantou-se e começou a andar pelos corredores inacreditavelmente tão limpos, embora passassem centenas de pessoas diariamente por ali. Olhou para o lado e observou um grupo de pessoas que se despedia.

Lágrimas rolavam nos seus olhos, ao mesmo tempo em que sorriam aquele sorriso sem graça e corado de quem chora-e-ri. E sorriu também. Pensou na vida, pensou nas lembranças e nos próprios pensamentos. E teve certeza de que a felicidade estava por vir, talvez mais rápido do que pensava. Talvez junto com o próximo ônibus.