segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

One more cup of coffee for I go...

Levantou-se e caminhou em direção á cozinha escura. "Cozinha tem que ser um lugar claro, Sofia!" Sua mãe sempre dizia. Mas aquela não era. Era escura, e sempre a trouxera uma má impressão. Como se todos os problemas do mundo se multiplicassem ali dentro.

Serviu-se de uma xícara de café e sentou-se. Acendeu um cigarro e ajeitou-se melhor na cadeira, olhando fixamente para o nada. "Podia ter sido diferente", refletiu, entre uma tragada e outra. "Merda, era pra ter sido tudo diferente!" pensou Sofia novamente como que para se certificar de que a idéia não fugiria por entre seus dedos. Tomou um gole do café. "Mas quem disse que as coisas são do jeito que a gente quer?" constatou, enquanto engolia o café que já não estava tão quente quanto deveria.

"Sou gelada por dentro." filosofou Sofia enquanto dava a ultima tragada no que já não passava de uma ponta de cigarro. "Como esse maldito café." Tomou mais um gole da xícara, e o gosto amargo daquele café frio inundou sua boca novamente. Dirigiu-se até a janela. A janela, que segundo todos os seus amigos era a única coisa boa daquele apartamento. "Afinal, era uma vista espetacular da cidade de São Paulo", pensou Sofia. "Exatamente como dizia no anúncio."

Debruçou-se no parapeito da janela, e olhou diretamente para a imensidão de prédios que havia logo embaixo dela. "One more cup of coffee for I go..." Olhou para o céu, poluído diariamente por milhões de carros que passavam por todas aquelas ruas. "To the valley below." Foi a última coisa que pensou antes de ser engolida pelo ar da noite paulistana.

Morreu no meio da avenida e ninguém notou. Todas as vidas continuaram, todos tão preocupados em nascer e morrer. E enquanto isso, um resto de café esfriava em cima da mesa de uma certa cozinha escura...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

No, you WON'T disarm my heart... (or a wolf in a sheepskin coat.)

Eu gostaria de entender como uma pessoa é capaz de renunciar à um sentimento por causa do egoísmo de outras. Um sentimento, muitas vezes imenso, maior até mesmo do que o coração de quem o possui.

Eu gostaria também de entender como pode uma pessoa ser tão egocêntrica e mesquinha, ao ponto de barrar um sentimento do qual ela nunca compartilhou, e também nunca a prejudicou de forma alguma. Muito pelo contrário. Um sentimento que fez certa vida que rodeava a dela imensamente mais feliz.

Ninguém tem o direito de fazer uma coisa dessas,e juro que entendo menos ainda como pode alguém tomar isso como verdade absoluta e seguir à risca. Não entendo como alguém pode ter medo de seguir o próprio coração, e ter coragem suficiente pra mergulhar de cabeça na maldade disfarçada de preocupação de outrém.

Ainda me resta um fio de esperança (embora ele me escape quase que o tempo todo) de que um dia eu vou abrir os olhos e perceber que tudo isso, foram apenas percepções equivocadas. Que na realidade, não foi bem assim, e tudo não passou de um longo e trágico devaneio.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Codinome Beija-flor.



Pra que mentir, fingir que perdoou? Tentar ficar amigos sem rancor. A emoção acabou, que coincidência é o amor... a nossa música nunca mais tocou.


Pra que usar de tanta educação, pra destilar terceiras intenções? Desperdiçando o meu mel, devagarinho, flor em flor... entre os meus inimigos, beija-flor.


Eu protegi teu nome por amor. Em um codinome, Beija-flor. Não responda nunca, meu amor. Nunca. Pra qualquer um na rua, Beija-flor.


Que só eu que podia, dentro da tua orelha fria dizer segredos de liquidificador. Você sonhava acordado, um jeito de não sentir dor... prendia o choro e aguava o bom do amor.




(me identifiquei.)




é, seriam quatro.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Palmas pro pecado.


Desnudei seu amor sem pudor: palmas pro pecado.
Me curvei com o olhar mais pra baixo, naquela direção do céu.

Mastigo o que restou e sobrevivo.
Nas cartas que enviou você se esconde.

Fui o cinza de um mar azul, mergulhei em sua razão e sufoquei.
Suportei por essas manhãs a sua ausência do meu lado.
O vazio não é fácil.

"Teus olhos azuis, traiçoeiros, me indicaram o caminho, eu segui. Era o abismo."

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Todo carnaval tem seu fim.

Odeio carnaval. Odeio. Na minha humilde opinião não há nada mais desagradável do que ligar a TV e ser obrigada a assistir um desfile de peitos nus e bundas rebolando pra milhões de pessoas verem, acharem a coisa mais linda do mundo e aplaudirem.

Eu não entendo como as mesmas mulheres que lutaram tanto a um tempo atrás a favor da igualdade entre os sexos, contra o machismo existente, podem hoje em dia ser meros objetos pra deleite dos mesmos homens que sempre as subjulgaram. Porque pra mim, um homem que assiste a um desfile de carnaval, e o único comentário que consegue fazer é um "nossa, que mulher gostosa" é a personificação do machismo.

Longe de mim querer fazer discursos feministas, ou algo do tipo. Eu só gostaria de entender como mulheres, mulheres como eu, podem se rebaixar à um papel desses. Desde quando somos só peitos e bundas? Desde quando perdemos nossa verdadeira essência e nos tornamos peças de carne expostas em carros alegóricos? Desde quando perdemos o pudor e a sutileza, que tantos poetas citaram ao longo dos séculos? Não acho que precisemos fazer isso para provar nossa independência, para provar que mulheres são iguais aos homens. Não, podemos fazer isso usando o cérebro em vez da bunda."Todo carnaval tem seu fim" ? Graças à Deus!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

É como tocar o céu, mas com os pés no chão.



"Estou tão frágil que até me confundo com o mundo passional, passional.
Somos mais que um quando somos dois.
Mas quando estamos entre tantos não somos ninguém, ninguém."