domingo, 27 de janeiro de 2008

Cotidiano nº 2.

E amanhã começa tudo novamente. As mesmas angústias, os mesmos anseios, as mesmas pessoas, (algumas novas é claro) a mesma rotina. Como estou chegando ao meu penúltimo ano escolar, parei para refletir acerca dessa realidade, que daqui a tão pouco tempo vai ficar pra trás.

Confesso que nunca tinha parado pra pensar como eu vou sentir saudades de tudo isso. De todos os professores, até os que me fizeram chorar algumas vezes. De todas as provas, até as que me fizeram perder tardes inteiras estudando. Quantas vezes reclamei de tudo isso, de ter de ir à escola todos os dias, de professores incapazes, de aulas chatas.

A gente só percebe o quanto uma coisa é importante, quando a perde. Ou então, quando está prestes a perdê-la. Quando paro pra pensar que ano que vem acaba tudo isso, e que eu tenho um vestibular pra prestar, e responsabilidades enormes cairão em cima de mim, confesso que me sinto assustada. Mudanças sempre me assustaram.

Mas junto desse receio vem uma certeza de um futuro lindo, de conhecer pessoas cujo pensamento seja igual o meu, que gostem das mesmas coisas, tenham os mesmos objetivos... qualquer pessoa que me conheça bem sabe que isso é o que eu mais sinto falta hoje em dia.

Podem me chamar de confusa, mas mesmo sabendo que vou morrer de saudades de tudo isso, eu não vejo a hora de chegar lá, no futuro bonito que eu sei que está guardadinho pra mim a partir do momento que eu pisar na faculdade. O que eu acho mais curioso, é toda essa certeza que eu tenho de um futuro bom pra mim, mesmo sendo a pessoa mais pessimista do mundo. Acho que esse é o único lado que eu consigo encarar com otimismo na minha vida. E isso é bom, afinal, não é o futuro que guarda o desenlace de todos os conflitos da nossa vida?

"At the final moment, I cried. I always cry at endings."

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ensaio sobre a consciência.


Egoísmo. Esse é teu segundo nome, menina. Não tens a capacidade de alegrar-te com a alegria dos outros. Não és a única com problemas no mundo, menina. Todos os têm. Mas és fraca. Fraca. Aprende a lidar com os teus problemas que só assim vais crescer. E acredite, mudar o foco de teus pensamentos não vai te ajudar a torná-los mais suportáveis. Isso gera o oposto,sabes? Só vais pensar mais em tudo que te aflige, e não vais solucionar as coisas assim. Achas que passar o dia chorando vai te fazer sentir bem, menina? Pois te digo: não vai. Isso só prova o quão fraca és. Pensas que o mundo gira em torno de teu umbigo, que teus problemas são caso pra uma assembléia internacional, mas não é assim que as coisas funcionam. O mundo não pára pra que tu te sintas mal. Amor? Que amor é esse, menina? Tu te arrastas pelo chão feito verme, és fraca, sempre fraca. Ergue tua cabeça, prova pro mundo que és forte, pois já perdi a esperança em ti. Aprende que amor maior, é o amor-próprio. Esqueceste dessa verdade há tempos. Se soubesses o tanto de pessoas que se importam contigo, que partilham de toda a tristeza que te corrói, esboçarias ao menos um sorriso. Achas que toda a tristeza do mundo não é nem metade da tua, não é mesmo? És egoísta menina, egoísta. Sei disso. Conheço-te melhor que ninguém. Eu sou você. Uma parte que deixaste para trás e esqueceste de cultivar. Mas eu não preciso de teu cuidado para crescer. posso passar a vida toda em forma de semente dentro de ti, que eu vou estar sempre ali. Vou ser o teu calvário sempre que fraquejares, vou te lembrar de quão fraca és. Sou tua força de vontade, menina. Sou teu orgulho, tua felicidade, tua crença no futuro perfeito que imaginaste um dia. Sou tudo que esqueceste que um dia cresceu dentro de ti.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

there's a world full of "nowhere people"

Fico impressionada em ver como os sentimentos humanos são ambíguos. Cada ato, cada palavra proferida, dá margem à uma série de interpretações que às vezes diferem completamente umas das outras.

Estamos tão habituados com essa nossa peculiar característica, que nos condicionamos, à em uma situação qualquer, enxergar só o que desejamos, quando na verdade, seu significado pode ser algo muito mais intenso e profundo. Mas nós somos imperfeitos, somos sujeitos a erros e acertos, e na minha opinião, a imperfeição de cada ser humano, seus conflitos e soluções, são umas das maiores dádivas que nos foram dadas.

Temos a sorte de sermos imperfeitos. Me desculpem pelo clichê, mas dizer que aprendemos com os erros mas é a mais pura verdade. Se você pedir por paciência, você terá uma oportunidade de ser paciente. Se você pedir sabedoria, terá uma oportunidade de tomar uma atitude sábia. O maior desejo de todo ser humano é conseguir entender perfeitamente o significado de cada atitude, cada palavra de quem se ama. Diariamente nos é dada a oportunidade de lidarmos com os sentimentos das pessoas. O que a maioria não compreende, é que ao analisar uma pessoa, não usamos o cérebro. Cérebro esse, que muitas vezes toma o lugar que deveria pertencer ao coração.

Quem me dera olhar nos olhos de cada pessoa e ver em todas, mais do que somente a retina. Quem me dera, que todos fossem inconsequentes e se esquecessem de usar a razão ás vezes. Quem me dera, que todos soubessem que ás vezes, inteligência é pensar com o coração.


" He's as blind as he can be.

Just see what he wants to see.

Nowhere man, can you see me at all ? "

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo... (que descolorirá.)

Quando eu era criança, no auge dos meus sete ou oito anos, a maior diversão das minhas férias era: comprar material escolar. Sim, eu esperava ansiosamente todo o mês de dezembro (e uma bela metade de janeiro também) pela chegada do grande dia.

Pouco antes dele chegar, como que para acalmar minha ansiedade infantil, eu pegava a listinha de material e grifava caprichosamente tudo o que eu precisaria comprar. O que eu já tinha, era riscado milimetricamente à régua, com caneta preta.

Quando enfim chegava o grande dia das compras, lá íamos nós, meus pais e eu, enfrentar a papelaria lotada de gente, e aquele tumulto habitual que eu, na minha cabecinha de criança achava ser o máximo.

Alguma coisa naquele lugar me fascinava profundamente, mas eu nunca soube bem o que era. Talvez fossem os rolos enormes de papel colorido que quando refletiam o sol lá fora, formavam desenhos legais na parede. Talvez fosse aquele cheirinho que só os lápis-de-cor novos têm, ou talvez fossem até mesmo aquelas borrachinhas coloridas de formato diferente. Eu realmente não sei.

Só sei que por mais que os anos passem, nem lista de material eu tenha mais, e não use nem papéis coloridos nem lápis-de-cor na escola, se você reparar atentamente, você ainda vai perceber um brilho diferente no meu olhar toda vez que eu entrar em uma papelaria lotada de gente.

"essa menina não quer mais saber de mal-me-quer..."


Era uma vez uma menina. Uma menina qualquer, numa cidade qualquer. Uma menina igual a tantas outras que existem por aí. Essa menina acreditava em contos-de-fada. Acreditava também em todo aquele amor clichê que enche os olhos de quem vai aos cinemas. Mas um dia, a menina descobriu que nem todos os filmes de amor têm finais felizes, e que os contos-de-fada não foram feitos para enfrentarem problemas de menina comum. "contos-de-fada são feitos para meninas de contos-de-fada, e certamente elas não têm nem um quarto bagunçado, nem provas de matemática como você." Mas apesar de tudo isso, era tão bom sonhar... E a menina continuou a acreditar que meninas comuns feito ela podiam sim dividir a sua vida entre provas e finais felizes, e que sim, em algum lugar existia um príncipe que não viraria sapo ao enfrentar o primeiro problema, e que o amor é possível, até mesmo pra ela. Até mesmo soando tão demodê.