segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
Amor Retrô.
Juntos completavam-se, e destoavam da multidão que passava todos os dias pelas ruas desgastadas da metrópole paulista. Ela lhe ensinava a gostar de cinema, e assistia com ele a todos os filmes do Godard, enquanto ele criava os mais belos acordes só pra ela. Ela lhe mostrava tudo sobre as vanguardas européias e os rumos que a arte tomara desde então, ele a fazia ouvir Pink Floyd de olhos fechados e as mãos entrelaçadas nas suas. E pensavam que era tudo o que sempre haviam desejado.
Até que um dia aconteceu. Uma briga, lágrimas e portas batendo. Ela foi embora e ele ficou, sentado no sofá vermelho que haviam comprado juntos. Ele ficou. Com o sofá, as pontas de cigarro, as lembranças, os vinis espalhados, e a casa vazia. Os dias que se seguiram foram como um pesadelo para ambos. Ela os compararia depois com algum filme surrealista que ele esqueceu o nome. Ele, com o fim dos Beatles.
Sem ele, ela descobriu que seus quadros perdiam a tinta.
Sem ela, ele descobriu que seus acordes saíam do tom.
Então ela voltou. Encontrou a porta aberta, como se nada tivesse mudado desde a última vez em que estivera ali. O sofá vermelho, os pôsteres do Warhol, os vinis e o cigarro. O coração dele estava ali, e o dela também. Encontrou-o sentado na cama com o violão na mão, brigando com uma melodia que insistia em não sair. Tirou o violão de suas mãos e o beijou como nunca fizera antes. E ambos souberam que era pra ser assim. Juntos.
Ele com suas escalas, semi-tons e sustenidos.
Ela com seus planos cortados, narrativas distorcidas e as pilhas de livros.
Juntos.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
da série: presentinhos de natal.
E quem fez pra mim foi o Enzo, meu irmão-mais-velho-postiço lá de Minas:
Maldita Gramática
Eu queria tanto
Enxugar teu pranto
Santo é o ofício de ajudar
Veja quanto espanto,
Ao lembrar, no entanto,
Diferentes advérbios de lugar!
Eu canto este canto
Pra diminuir um tanto
A dor de pensar
Que eu estou cá
E, em algum outro canto,
Você está lá!
domingo, 7 de dezembro de 2008
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Caio F. Abreu
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Capítulo 2: As coisas tão mais lindas.
Ela já não saberia dizer.
As lembranças desfilavam em sua frente com a arrogância que só elas sabem ter. Porém, em seus rostos ela já não via mais que um borrão colorido. Percebeu que havia se esquecido de como era ouvir a voz dele, de qual era a textura de sua pele, e se esquecera até mesmo da risada tão bonita que ele costumava guardar só pra ela. Tentou se lembrar de cada detalhe, de cada beijo. Não conseguiu. Sentiu-se estranha, como se o sangue tivesse voltado a correr por todo seu corpo. Estava livre, afinal. Como se tivessem apagado de sua memória tudo capaz de lhe causar dor. E das lágrimas em seu rosto, em vez da poeira, só pôde sentir o gosto de sal. Seu coração era um lar, e ela teve enfim a certeza de que ele fora habitado de novo. Havia flores nas janelas, e haviam os olhos tão verdes. Tão verdes e tão cinzas...
Ela já não saberia dizer.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Capítulo 2: The greenest gray eyes I've ever seen.
A cada passo ia se lembrando de tudo, como num quebra-cabeça. Porém, faltava uma peça. Uma peça que ela conhecia muito bem, bem até demais. Conhecia todos os seus trejeitos e suas manias, o jeito de rir e o jeito de andar. Andava como se passasse por cima de todos os problemas do mundo. Sua expressão, impassível. Seus pensamentos, indecifráveis.
E ela se lembrava, como lembrava. E olhava pros lados pra ver se não o encontrava num café qualquer, ou naquela livraria, mesmo sabendo que ele não gostava muito de ler. Ah, como queria encontrá-lo. Só pra falar um oi, talvez, conversar amenidades e sossegar o coração. Mas não podia. Ela não podia.
Em cada passo seu, deixava transparecer os inúmeros sofrimentos, as inúmeras noites em claro. Inúmeras lembranças que a presentearam com uma única característica: amor próprio. Porém, como era difícil lidar com isso agora, quando tudo que ela mais queria era atirá-lo na primeira lata de lixo que surgisse, e dizer todas as coisas que estavam sufocando-na dia após dia. Queria dizer que sentia muito, que a culpa era dela. "if I miss you, well, that's my fault". Mas não podia, não podia. E andava. O peso nas costas, o gosto de lágrimas no lugar de beijos intermináveis, o nó na garganta. E andava.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
O eterno ou o não dá.
Gostaria também de entender como todos os opostos do mundo se encaixam tão bem em ti. Não somos almas-gêmeas, afinal. Tu te completas sozinho, na imensidão do teu ser. E eu, eu preciso da tua metade, da MINHA metade. Mas é tão difícil saber em qual beco escuro tu a escondeste de mim...
Saiba que o que buscas, tu já encontraste. Não esperes te ver refletido em outras pessoas, elas não são como você. Eu não sou como você. Nós somos pessoas de uma face apenas. Um lado da moeda esperando o outro, e só. Portanto, pare de machucar o meu coração. O teu coração. O que desejas, já tem nome e formato de pedra. Pedras que eu não consigo remover, pedras que possuem pontas e fazem meus dedos sangrarem... ninguém há de removê-las. Teu coração é TEU lar.
sábado, 6 de setembro de 2008
"I can forget about myself trying to be everybody else..."
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá.
Pode ser cruel a eternidade,
eu ando em frente por sentir vontade.
Eu quis te convencer, mas chega de insistir.
Caberá ao nosso amor o que há de vir.
Pode ser a eternidade má,
caminho em frente pra sentir saudade.
domingo, 24 de agosto de 2008
Pensamentos Soltos.
E se me perguntarem por que escrevo, direi que é pra preencher com palavras a metade que levaste de mim.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Desencanto
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Felizes sejam.
domingo, 27 de julho de 2008
O Quarto.
Sentou-se ao pé da cama, e pôs-se a observar o quarto. O armário, os muitos livros que tanto a acolheram, "como aqueles velhos amigos que a gente pode passar mil anos sem falar,e eles vão continuar lá pra nos ajudar, sabe?" a guitarra e o violão. O violão que suportou o peso de mil lágrimas, e as escondeu entre seus acordes pra fazê-las mais felizes.
Reviveu os momentos de cada uma das fotos da cabeceira da cama, e recordou com paixão de cada uma das músicas daqueles vinis dos Beatles que ela tanto amava. Folheou a edição de bolso do Manifesto, e se surpreendeu mais uma vez com os problemas do mundo. Sorriu pra foto do Conor que estava sempre do lado da escrivaninha, como se dissesse obrigada, por tanto lhe entender e pôr em palavras tudo que sentia.
Olhou para a caixa de recordações, sempre ali de plantão pra não deixá-la esquecer jamais da delícia de ser criança, e da tamanha transformação que passara de alguns anos pra cá. E entre os tantos bilhetes, desenhos, e o potinho com todos os dentes-de-leite, estava a carta. A carta que lera tantas vezes, procurando arrancar mais algum detalhe escondido, como se disso dependesse a resolução de seus problemas. Releu-a, como se fosse a última vez. E foi a ultima vez. Descobriu que não havia nada a desvendar, que o papel amarela com o tempo, a tinta desbota, e as lágrimas secam. Todas elas.
Vá sentir que viver é mais que pensava.
Larga mão de sofrer a mais, tudo passa.
A estrada não tem fim.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Lua Cheia.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
O Espelho.
quarta-feira, 12 de março de 2008
Novos Horizontes.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
One more cup of coffee for I go...
Serviu-se de uma xícara de café e sentou-se. Acendeu um cigarro e ajeitou-se melhor na cadeira, olhando fixamente para o nada. "Podia ter sido diferente", refletiu, entre uma tragada e outra. "Merda, era pra ter sido tudo diferente!" pensou Sofia novamente como que para se certificar de que a idéia não fugiria por entre seus dedos. Tomou um gole do café. "Mas quem disse que as coisas são do jeito que a gente quer?" constatou, enquanto engolia o café que já não estava tão quente quanto deveria.
"Sou gelada por dentro." filosofou Sofia enquanto dava a ultima tragada no que já não passava de uma ponta de cigarro. "Como esse maldito café." Tomou mais um gole da xícara, e o gosto amargo daquele café frio inundou sua boca novamente. Dirigiu-se até a janela. A janela, que segundo todos os seus amigos era a única coisa boa daquele apartamento. "Afinal, era uma vista espetacular da cidade de São Paulo", pensou Sofia. "Exatamente como dizia no anúncio."Debruçou-se no parapeito da janela, e olhou diretamente para a imensidão de prédios que havia logo embaixo dela. "One more cup of coffee for I go..." Olhou para o céu, poluído diariamente por milhões de carros que passavam por todas aquelas ruas. "To the valley below." Foi a última coisa que pensou antes de ser engolida pelo ar da noite paulistana.
Morreu no meio da avenida e ninguém notou. Todas as vidas continuaram, todos tão preocupados em nascer e morrer. E enquanto isso, um resto de café esfriava em cima da mesa de uma certa cozinha escura...
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
No, you WON'T disarm my heart... (or a wolf in a sheepskin coat.)
Eu gostaria de entender como uma pessoa é capaz de renunciar à um sentimento por causa do egoísmo de outras. Um sentimento, muitas vezes imenso, maior até mesmo do que o coração de quem o possui.
Eu gostaria também de entender como pode uma pessoa ser tão egocêntrica e mesquinha, ao ponto de barrar um sentimento do qual ela nunca compartilhou, e também nunca a prejudicou de forma alguma. Muito pelo contrário. Um sentimento que fez certa vida que rodeava a dela imensamente mais feliz.
Ninguém tem o direito de fazer uma coisa dessas,e juro que entendo menos ainda como pode alguém tomar isso como verdade absoluta e seguir à risca. Não entendo como alguém pode ter medo de seguir o próprio coração, e ter coragem suficiente pra mergulhar de cabeça na maldade disfarçada de preocupação de outrém.
Ainda me resta um fio de esperança (embora ele me escape quase que o tempo todo) de que um dia eu vou abrir os olhos e perceber que tudo isso, foram apenas percepções equivocadas. Que na realidade, não foi bem assim, e tudo não passou de um longo e trágico devaneio.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Codinome Beija-flor.
Pra que mentir, fingir que perdoou? Tentar ficar amigos sem rancor. A emoção acabou, que coincidência é o amor... a nossa música nunca mais tocou.
Pra que usar de tanta educação, pra destilar terceiras intenções? Desperdiçando o meu mel, devagarinho, flor em flor... entre os meus inimigos, beija-flor.
Eu protegi teu nome por amor. Em um codinome, Beija-flor. Não responda nunca, meu amor. Nunca. Pra qualquer um na rua, Beija-flor.
Que só eu que podia, dentro da tua orelha fria dizer segredos de liquidificador. Você sonhava acordado, um jeito de não sentir dor... prendia o choro e aguava o bom do amor.
(me identifiquei.)
é, seriam quatro.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Palmas pro pecado.
Me curvei com o olhar mais pra baixo, naquela direção do céu.
Mastigo o que restou e sobrevivo.
Nas cartas que enviou você se esconde.
Fui o cinza de um mar azul, mergulhei em sua razão e sufoquei.
Suportei por essas manhãs a sua ausência do meu lado.
O vazio não é fácil.
"Teus olhos azuis, traiçoeiros, me indicaram o caminho, eu segui. Era o abismo."
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Todo carnaval tem seu fim.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
domingo, 27 de janeiro de 2008
Cotidiano nº 2.
Confesso que nunca tinha parado pra pensar como eu vou sentir saudades de tudo isso. De todos os professores, até os que me fizeram chorar algumas vezes. De todas as provas, até as que me fizeram perder tardes inteiras estudando. Quantas vezes reclamei de tudo isso, de ter de ir à escola todos os dias, de professores incapazes, de aulas chatas.
A gente só percebe o quanto uma coisa é importante, quando a perde. Ou então, quando está prestes a perdê-la. Quando paro pra pensar que ano que vem acaba tudo isso, e que eu tenho um vestibular pra prestar, e responsabilidades enormes cairão em cima de mim, confesso que me sinto assustada. Mudanças sempre me assustaram.
Mas junto desse receio vem uma certeza de um futuro lindo, de conhecer pessoas cujo pensamento seja igual o meu, que gostem das mesmas coisas, tenham os mesmos objetivos... qualquer pessoa que me conheça bem sabe que isso é o que eu mais sinto falta hoje em dia.
Podem me chamar de confusa, mas mesmo sabendo que vou morrer de saudades de tudo isso, eu não vejo a hora de chegar lá, no futuro bonito que eu sei que está guardadinho pra mim a partir do momento que eu pisar na faculdade. O que eu acho mais curioso, é toda essa certeza que eu tenho de um futuro bom pra mim, mesmo sendo a pessoa mais pessimista do mundo. Acho que esse é o único lado que eu consigo encarar com otimismo na minha vida. E isso é bom, afinal, não é o futuro que guarda o desenlace de todos os conflitos da nossa vida?
"At the final moment, I cried. I always cry at endings."
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Ensaio sobre a consciência.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
there's a world full of "nowhere people"
Fico impressionada em ver como os sentimentos humanos são ambíguos. Cada ato, cada palavra proferida, dá margem à uma série de interpretações que às vezes diferem completamente umas das outras.
Estamos tão habituados com essa nossa peculiar característica, que nos condicionamos, à em uma situação qualquer, enxergar só o que desejamos, quando na verdade, seu significado pode ser algo muito mais intenso e profundo. Mas nós somos imperfeitos, somos sujeitos a erros e acertos, e na minha opinião, a imperfeição de cada ser humano, seus conflitos e soluções, são umas das maiores dádivas que nos foram dadas.
Temos a sorte de sermos imperfeitos. Me desculpem pelo clichê, mas dizer que aprendemos com os erros mas é a mais pura verdade. Se você pedir por paciência, você terá uma oportunidade de ser paciente. Se você pedir sabedoria, terá uma oportunidade de tomar uma atitude sábia. O maior desejo de todo ser humano é conseguir entender perfeitamente o significado de cada atitude, cada palavra de quem se ama. Diariamente nos é dada a oportunidade de lidarmos com os sentimentos das pessoas. O que a maioria não compreende, é que ao analisar uma pessoa, não usamos o cérebro. Cérebro esse, que muitas vezes toma o lugar que deveria pertencer ao coração.
Quem me dera olhar nos olhos de cada pessoa e ver em todas, mais do que somente a retina. Quem me dera, que todos fossem inconsequentes e se esquecessem de usar a razão ás vezes. Quem me dera, que todos soubessem que ás vezes, inteligência é pensar com o coração.
" He's as blind as he can be.
Just see what he wants to see.
Nowhere man, can you see me at all ? "
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo... (que descolorirá.)
Pouco antes dele chegar, como que para acalmar minha ansiedade infantil, eu pegava a listinha de material e grifava caprichosamente tudo o que eu precisaria comprar. O que eu já tinha, era riscado milimetricamente à régua, com caneta preta.
Quando enfim chegava o grande dia das compras, lá íamos nós, meus pais e eu, enfrentar a papelaria lotada de gente, e aquele tumulto habitual que eu, na minha cabecinha de criança achava ser o máximo.
Alguma coisa naquele lugar me fascinava profundamente, mas eu nunca soube bem o que era. Talvez fossem os rolos enormes de papel colorido que quando refletiam o sol lá fora, formavam desenhos legais na parede. Talvez fosse aquele cheirinho que só os lápis-de-cor novos têm, ou talvez fossem até mesmo aquelas borrachinhas coloridas de formato diferente. Eu realmente não sei.
Só sei que por mais que os anos passem, nem lista de material eu tenha mais, e não use nem papéis coloridos nem lápis-de-cor na escola, se você reparar atentamente, você ainda vai perceber um brilho diferente no meu olhar toda vez que eu entrar em uma papelaria lotada de gente.