quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sobre as palavras. (de mim à mim mesma)

Palavras. De que te servem agora, as palavras? Elas não preenchem teu vazio. Elas não vão te botar no colo e dizer: calma calma vai ficar tudo bem tristeza é coisa passageira seja feliz muito feliz. Não vão. Não te servem de nada as palavras, do mesmo modo que não te serve de nada saber lidar com elas. Não adianta manipular as palavras, elas não vão construir uma realidade ideal pra você. Elas só vão expôr seus medos. É isso que elas fazem. Expôem seus medos para quem se dispôr a decifrá-las. E os outros, os outros não entendem. Nem o seu vazio, nem o seu medo, nem as suas palavras.


As palavras não são suficientes para acalmar seu coração tão atribulado. Elas só registram a sua dor sem curá-la. Um retrato cruel e fiel da realidade. E como um retrato, só têm uma função: captar, sem no entanto compreender.


Elas se alimentam da sua tristeza, precisam da sua agonia pra nascer. Já percebeu que todos os escritores são infelizes? Eles precisam dessa tristeza. É dela que as palavras vivem. Quanto mais tristeza, mais bonitas elas surgem. E você não quer ser infeliz.


Aprenda que só você é capaz de preencher esse vazio. As palavras são suas amigas mais traiçoeiras. Quando você mais precisar, elas vão faltar. Não vão querer sair. Vão ficar presas, e formar um nó na sua garganta. Um nó que sufoca, e mata.

4 comentários:

Desafinada; disse...

"os ignorantes é que são felizes" (cazuza)

TIAGO JULIO MARTINS disse...

Radical demais, eu acho. Concordo que a escrita flui mais em momentos de tristeza, acho que a reflexão que ela provoca faz disso natural. Agora, escrever é sentir, ninguém sente só dor. E mesmo a dor, por mais poética que seja, não é sempre mais bonita que a alegria.
Mas escreves bem, moça.

Thiely de Assis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiely de Assis disse...

Porque tudo se torna pequeno, e as palavras, nada valem. Elas não trazem e não vão trazer nada. Podem nos molhar os lábios como fel ou mel, podem nos proporcionar momentos passageiros como chuva de verão, momentos bons, ou não.
Também posso vaguear por devaneios que me dizem sobre palavras. Como um bem, um dom, um mágico sentir em um turbilhão. As palavras... e qual são mesmo o significados delas entre um abraço? E o que valem cêrimonias diante um sorriso?
Um sorriso, um abraço, um minuto com quem realmente possa contar, com quem realmente está contigo em pensamento e mais, contigo no coração. Sim, as palavras... elas não dizem muito, não dizem nada.
Ah... as palavras... Elas não resumem muito, não simplificam nada. Nada quando se trata de quem se ama, e admira.